Como ocorre em muitas sociedades, o povo Iorubá possui um conjunto de representações coletivas ligadas às suas práticas sociais originárias, que efetivamente modulam as atividades cotidianas.
Tais práticas e feitos heróicos são cuidadosamente transmitidos através das narrativas e de rituais iniciáticos precedidos por cantos, entre os quais os iremoje e ijala, respectivamente, cantigas e dor e júbilo, originários das epopéias de Ogun.
Rei de seu povo e herói civilizador, Ogun é também filho de Eledunmare, o Ser Supremo. Como tal, é divindade de grande sabedoria, escolhido por Eledunmare para abrir caminho à civilização. Ogun, divino, forte, poderoso, é senhor de um saber que lhe confere poder de transformação e que se manifesta e objetiva na história do povo ioruba, através de seu trabalho sobre a natureza do ferro e do fogo.
A sabedoria desse rei sobre o fogo, a metalurgia, a guerra, a caça e a agricultura é absoluta. Simultaneamente rei, agricultor, caçador, guerreiro, ferreiro e minerador, detem conhecimento supremo sobre as artes básicas para a preservação da vida. Pelo exemplo de suas atividades sobre a natureza, fornece ensinamentos para a realização das necessidades básicas de cada um e de toda a coletividade.
A compreensão do discurso iorubá exige um esforço de interpretação exegética de seus mitos e não uma desmistificação como porventura possa parecer. É desse modo, que a compreensão mais abrangente dessa cultura pode se dar através da experiência íntima de Ogun, grande ancestral que articula todo um sistema de crenças e um código de gestos, práticas e celebrações rituais.
Admitindo, aparentemente, uma dissociação entre a ordem profana e a sagrada, Ogun é rei de seu povo, sacerdote, guardião de segredos de sua cultura. A aparente ruptura entre o sagrado e o profano é bastante complexa e não caberia ser discutida aqui. Basta dizer que a tensão antagônica entre a ordem sagrada e a profana expressa, em última análise, irredutividade de uma cosmovisão religiosa africana.
Rei exemplar, é Ogun, divindade heróica que civiliza, ensinando aos homens os segredos da cultura: cria, aperfeiçoa e ensina importantes profissões ao povo ioruba, ligando-se assim à questão do trabalho e da tecnologia.
Trecho retirado do livro: “Ogun: Dor e júbilo nos rituais de morte” Sikiru Salami (Babalorisá King)
Ogum na Umbanda é São Jorge, ou como os umbandistas chamam São Jorge Guerreiro. Ogun é o Orixá que vence demanda, que protege seus filhos e guarda sua casa. Sua imagem é de São Jorge sobre o cavalo, mas também pode ser uma imagem de um Ogun especificamente (dependendo do terreiro).
Ogun tem em sua falange, outros Oguns que vem em seu nome, alguns deles se apresentam como :
Ogun é um Orixá masculino, que governa a guerra, as armas, as demandas e os metais. Sincretizou-se com São Jorge no Rio, onde é festejado no dia 23 de abril e com Santo Antônio na Bahia, sendo ali sua festa realizada em 13 de junho.
Fonte: Federação Umbandista Caminho dos Orixás